Um grupo de cientistas vinculados ao Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) desenvolveu um método eficiente, econômico e de baixo impacto ambiental para purificar materiais utilizados na produção de hidrogênio verde. A pesquisa, conduzida nos laboratórios da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e divulgada pela Agência FAPESP, promete avanços significativos no setor de energias renováveis.A descoberta foi feita durante o doutorado de Bruno Leuzinger da Silva, no Instituto de Química da Unicamp, sob a orientação da professora Ana Flávia Nogueira. O estudo concentrou-se na melhoria do desempenho da ferrita de bismuto tipo mulita (Bi2Fe4O9), um material utilizado como fotoeletrocatalisador na geração de hidrogênio por meio da fotoeletro-oxidação. Nesse processo, a luz solar é utilizada para oxidar moléculas de água ou derivados da biomassa, promovendo a separação do hidrogênio.O estudo identificou que a presença de compostos indesejados, chamados de fases secundárias, prejudicava a eficiência desse material. Entretanto, ao longo dos experimentos, os pesquisadores perceberam que a ferrita de bismuto se purificava espontaneamente ao interagir com glicerol e luz. A partir dessa observação, a equipe desenvolveu um método de purificação fotoeletroquímico, que utiliza eletricidade, luz e glicerol – um subproduto abundante da produção de biodiesel, biodegradável e não tóxico. O novo processo eliminou as fases secundárias, resultando em um material de maior pureza e melhor desempenho na produção de hidrogênio verde.A pesquisa contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Shell, além de suporte da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O artigo completo pode ser acessado no link: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0013468625002154?via%3Dihub.