Brasil tem todas as condições para liderar a transição energética global, mas isso dependerá de ações concretas para aproveitar o momento, diz especialista

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Markus Lehmann pontua Futuro do Hidrogênio Verde durante palestra no Fórum Hidrogênio

Em um cenário global cada vez mais comprometido com a descarbonização e a transição para energias limpas, o Brasil desponta como protagonista. Essa visão foi reforçada por Markus Lehmann, sócio-diretor da GH2 Global Brazil, durante uma palestra inspiradora no YouTube intitulada "Brasil Líder Global na Transição Energética - Alavancando RED II". Lehmann destacou o papel estratégico do Brasil no mercado de hidrogênio verde, apontando as vantagens competitivas do país e as ações necessárias para consolidar sua posição de liderança.

O especialista sublinhou que o Brasil está em uma posição privilegiada devido à sua matriz energética predominantemente renovável. Com 90% de sua energia proveniente de fontes limpas, o país tem condições excepcionais para produzir hidrogênio verde de baixo custo e baixa intensidade de carbono, características altamente valorizadas no mercado global.

Esse diferencial coloca o Brasil como um dos poucos países capazes de atender aos rigorosos critérios do RED II, a segunda versão da Diretiva de Energia Renovável da União Europeia. A diretiva exige que o hidrogênio seja produzido com mais de 90% de origem renovável para ser considerado sustentável.

Embora o Brasil tenha um grande potencial, Lehmann ressaltou a necessidade de superar desafios estruturais. Um dos principais entraves é o alto custo de capital para projetos de infraestrutura, que está entre os mais elevados do G20. No entanto, ele mencionou que mudanças legislativas recentes, como a possibilidade de financiamento em moeda estrangeira, podem revolucionar a capacidade do Brasil de atrair investimentos e competir no mercado global.

Além disso, o planejamento estratégico de longo prazo é essencial para integrar a crescente demanda de hidrogênio verde à infraestrutura energética nacional. A colaboração entre entidades como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e geradores de energia será crucial para garantir a eficiência e a viabilidade dos projetos.

Lehmann também destacou a importância de aprender com os 1.200 projetos globais de hidrogênio anunciados até agora. Ele enfatizou que menos de 3% desses projetos já alcançaram o estágio final de investimento (FID), mas que o Brasil pode aproveitar essa experiência para acelerar sua própria jornada.

A GH2 Global Brazil já atua como parceira estratégica de empresas globais, como a Plug Power e a High Green, trazendo tecnologia e know-how de ponta para o país. Essa colaboração internacional fortalece a posição do Brasil como um player importante no mercado de hidrogênio verde.

A Europa tem metas ambiciosas para descarbonizar sua matriz energética, com exigências específicas para setores industriais e de transporte. Lehmann mencionou que 42% do hidrogênio usado na indústria europeia deverá ser verde até 2030, o que representa uma demanda de cerca de 4 milhões de toneladas anuais.

Nesse contexto, o Brasil tem uma oportunidade única de se tornar o principal fornecedor de hidrogênio verde para o mercado europeu, especialmente na forma de amônia e metanol. Estudos apontam que o país pode oferecer esses produtos a preços mais competitivos que outros fornecedores globais, como Chile, Austrália e Oriente Médio.

A palestra de Lehmann deixou claro que o Brasil tem todas as condições para liderar a transição energética global, mas isso dependerá de ações concretas para aproveitar o momento. Investir em infraestrutura, atrair capital estrangeiro e fortalecer parcerias internacionais são passos indispensáveis.

O futuro do hidrogênio verde no Brasil não é apenas uma promessa, mas uma realidade em construção. Com planejamento estratégico e colaboração global, o país tem tudo para consolidar sua posição como líder na transição energética, alavancando o potencial de um mercado que está apenas começando a florescer.

Veja a palestra completa no link: https://www.youtube.com/watch?v=ycDr3Om5o5c.

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