Durante uma audiência no Congresso Nacional nesta segunda-feira (26), representantes de associações empresariais destacaram a importância de investir no setor de biogás como uma solução estratégica para a descarbonização da economia brasileira. O debate, que ocorreu na Comissão Mista de Mudanças Climáticas, trouxe à tona o potencial do biogás e do biometano na redução das emissões de metano, um dos principais gases de efeito estufa.Yuri Schmitke, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), ressaltou a urgência de intensificar o aproveitamento do metano como fonte de energia. Ele apontou que o metano, ao contrário do dióxido de carbono (CO2), é um gás de baixa persistência na atmosfera, o que torna sua redução ainda mais crucial no combate às mudanças climáticas. “O metano é um gás de baixa persistência: se eu cortar o metano hoje, ele sai da atmosfera daqui a 5 a 10 anos. O CO2, não: se eu cortar hoje, ele demora décadas. E nós estamos falando de uma questão urgente. As emissões evitadas por meio do biogás e do biometano são 11 a 15 vezes maiores do que as outras energias renováveis. Por que essa renovável [biometano] não tem um destaque maior no plano de descarbonização?” destacou Schmitke.Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, também defendeu o investimento em biogás e biometano, destacando que essas fontes de energia renovável têm grande potencial na transformação de resíduos em riqueza. Ele acredita que o Pacto pela Transformação Ecológica e o Plano Nacional de Transição Energética abrirão novas oportunidades, especialmente nos setores de agropecuária e gestão de resíduos sólidos.A Associação Brasileira de Biogás (Abiogas) enfatizou a necessidade de aprovar projetos de lei que incentivem o setor, como as propostas de combustíveis do futuro (PL 528/20), o Programa Nacional da Recuperação Energética de Resíduos (PL 1202/23) e a regulamentação do mercado de carbono (PL 2145/15, aprovado na Câmara e atualmente em tramitação no Senado como PL 182/24).Apesar do potencial do país, com capacidade para gerar 120 milhões de metros cúbicos de biogás por dia, o Brasil possui atualmente apenas 1.365 plantas de biogás e 31 plantas de biometano, gerando 11,2 milhões de m³/dia e 1,6 milhão de m³/dia, respectivamente. Esse número, de acordo com a Abiogas, está muito abaixo das possibilidades, o que evidencia a necessidade de maiores investimentos e apoio governamental para o desenvolvimento do setor.André Galvão, superintendente da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), fez um apelo ao Congresso para que o setor de resíduos seja visto como uma oportunidade estratégica de baixo custo para a descarbonização da economia brasileira: “Enxerguem o setor de resíduos como uma grande oportunidade de baixo custo para descarbonizar a economia" finalizou ele.Fonte: Biomassa BR com informações da Agência Câmara de Notícias