Em uma iniciativa pioneira, um grupo de 53 produtores rurais de Salgado Filho, no Paraná, está revolucionando a geração de energia e a gestão de resíduos orgânicos na região. A Cooperativa dos Produtores de Energia e Adubo (Coopenad) está transformando projetos de suínos, bovinos de leite e aves em biogás, utilizado para gerar energia elétrica, promovendo uma solução sustentável e lucrativa para seus associados.Em nota, Volmir Anater, membro e idealizador da cooperativa, destaca que a ideia de financiar a Cooperad surgiu da dificuldade enfrentada pelos produtores em destinar corretamente os descartes dos animais, especialmente dos suínos. A falta de áreas adequadas para o descarte dos detritos e o risco de contaminação ambiental estavam impedindo a expansão das atividades agropecuárias na região. "A produção de suínos em nosso município tem boa relevância, porém, as áreas aptas a receber os jatos são bastante restritas. Paralelo a essa questão, nos preocupava também a saturação do solo pelo uso constante e excessivo dos jatos, a contaminação das águas e a liberação de uma quantidade específica de gases de efeito estufa, o metano" destacou ele. Para enfrentar esses desafios, a Coopenad decidiu investir na construção de biodigestores, que transformam o metano proveniente dos dejetos animais em combustível para a geração de energia elétrica. O diferencial do projeto é sua abordagem cooperativa e sua capacidade de absorver diversos tipos de substratos. Inicialmente, a proposta era instalar biodigestores em cada propriedade, mas uma política econômica levou à construção de uma unidade centralizada que atendesse a todos os associados.Após um estudo de planos, a cooperativa conseguiu financiar R$ 15 milhões da instituição financeira cooperativa Sicoob para construir uma usina de biogás. Localizada em uma comunidade próxima à cidade, a instalação possui dois barracões, quatro lagoas de decantação e dois biodigestores.Além de resolver o problema de destino dos projetos, a Coopenad proporciona tranquilidade aos produtores, que não precisam mais se preocupar com a limpeza das granjas. A cooperativa compra todos os projetos dos aviários locais, eliminando a necessidade de contratação de equipes de limpeza pelos avicultores. A energia gerada pela usina é vendida para concessionárias, e os associados têm a perspectiva de receber dividendos com a distribuição dos lucros.Atualmente, a usina opera a 70% de sua capacidade, mas os cooperados estão conduzindo testes para melhorar a produção de biogás e alcançar o potencial máximo de geração energética. A fábrica de fertilizantes, que utiliza os resíduos da produção de biogás, está em fase final de implementação e deverá estar em operação em 45 dias, atendendo aos associados e demais produtores da região.Quando estiver totalmente operacional, a usina deverá gerar 23 toneladas diárias de adubo organomineral e 780 kW/hora de energia elétrica, o suficiente para abastecer mais de 2 mil residências. O financiamento deve ser quitado em 60 meses, e após esse período, os lucros serão distribuídos igualmente entre os cooperados.
