Expansão da Biomassa em 2024: Avanços e Desafios

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UNICA destaca que fonte renovável está crescendo no Brasil, porém ainda traz preocupações

No ano de 2024, a indústria de biomassa testemunhou uma expansão significativa, marcando um ponto positivo em sua trajetória de contribuição para a matriz elétrica brasileira. No entanto, preocupações sobre a continuidade desse crescimento começam a surgir, segundo o gerente de Bioeletricidade da UNICA, Zilmar Souza.

De acordo com dados fornecidos pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) e base de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2023, a biomassa adicionou nove unidades geradoras novas (UTEs), totalizando 214 MW. Embora representasse apenas 2,1% do aumento total de potência instalada na matriz elétrica do país naquele ano, esse número ficou abaixo da média dos últimos 10 anos, que foi de 569 MW anuais.

No entanto, o cenário mudou em 2024, segundo o especialista. A previsão indicava um acréscimo significativo, com a instalação de 22 novas UTEs, acrescentando 1.125 MW à matriz elétrica brasileira. Esse seria o maior valor desde 2013. O estudo da UNICA apontou que oito dessas UTEs já estavam em operação até abril, contribuindo com 266 MW, enquanto as restantes 16, com uma capacidade total de 859 MW, estavam com viabilidade alta de entrar em operação ainda no mesmo ano.

A expectativa era de que a biomassa em geral representasse 12% do acréscimo de capacidade instalada no país em 2024, ficando atrás apenas das fontes eólica e solar centralizada. No entanto, a preocupação com a continuidade se torna evidente ao analisar as projeções para 2025. A Aneel previa um acréscimo muito menor, com apenas 259 MW novos, representando 2,2% do total, o que colocaria a biomassa à frente apenas das hídricas em termos de expansão.

Um ponto-chave levantado é a questão dos leilões regulados de contratação de energia nova. Desde 2022, não houve tais leilões, o que impactou diretamente o setor de biomassa. A perspectiva para o futuro próximo indicava apenas o Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência, com diretrizes que não favoreciam a participação dessa fonte. Isso é preocupante, considerando que as biousinas têm características de despacho diferentes das térmicas a gás ou óleo, fornecendo energia renovável durante períodos críticos do setor elétrico.

Para garantir uma expansão mais contínua da bioenergia na matriz elétrica brasileira. Souza destaca a necessidade de fortalecer o mercado livre, desenvolver instrumentos de financiamento de longo prazo e estabelecer uma formação de preços consistente. Além disso, é essencial criar diretrizes que reconheçam as externalidades positivas da bioeletricidade e levem em conta as características individuais de cada projeto e tecnologia de biomassa.

"Desde 2022, não temos leilões regulados de contratação de energia nova e, para este ano, tudo indica que teremos apenas o Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência, com diretrizes que praticamente expulsarão a biomassa, embora as biousinas entreguem potência e energia (renovável) firmes no período seco e crítico do setor elétrico, porém com características de despacho diferentes das gigantescas térmicas a gás ou óleo" explica ele que complementa.

"É importante fortalecer o mercado livre, desenvolvendo instrumentos de financiamento de longo prazo e uma formação de preços consistente, além de regularizar o funcionamento das liquidações financeiras no Mercado de Curto Prazo, imbróglio judicial que se arrasta por quase dez anos. Contudo, precisamos trabalhar para criar diretrizes que possam continuar permitindo a participação efetiva da biomassa no ambiente regulado, incorporando as externalidades da bioeletricidade e reconhecendo as características de cada projeto e tecnologia, contribuindo para uma expansão mais contínua da bioenergia na matriz elétrica brasileira" finaliza.

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