A destinação adequada dos resíduos sólidos no Brasil ainda caminha em passos lentos. Mesmo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos atualizada no último ano, o setor ainda perde grandes oportunidades, as quais poderiam ser mais vantajosas tanto ambientalmente como financeiramente falando.Durante o terceiro Fórum de Valorização Energética está semana em São Paulo diversos especialistas do setor debateram o assunto, assim como trouxeram boas soluções para destinar os resíduos de forma correta. Diversas máquinas e processos foram apresentados pelos players do setor, de modo a mostrar o quanto o mesmo já conta com grande potencial para sanar o problema do lixo no país dependendo bastante de políticas públicas mais assertivas. Um dos especialistas foi André Gomes, da empresa espanhola Bianna. Durante sua palestra, o especialista destacou o quanto ainda o lixo é um problema sério em todo o mundo. De acordo com o mapa mundial da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA - em inglês) a quantidade em m³ dos 50 maiores aterros sanitários juntos está em torno de 500 a 800 milhões de m³, um dado bastante alarmante segundo ele. Já dados do mercado brasileiro mostram que a disposição final dos resíduos sólidos urbanos coletados no país ainda é um tanto complicada, 23% dos resíduos ainda é encaminhado para lixões a céu aberto, assim como 17,5% para aterros controlados e 59,5% para aterros sanitários. Dados sobre a Gravimetria dos RSU, por sua vez, revelam que a maior parte dos resíduos no Brasil vem de matéria orgânica, segundo Gomes. “Dos resíduos urbanos no Brasil estamos a falar de uma franja grande de matéria orgânica e eu queria focar, no que diz respeito a produção de combustível derivados de resíduos orgânicos, ou seja, nós temos quase metade dos resíduos de matéria orgânica, ou seja, essa matéria-orgânica pode ser reaproveitada. Não só existem outros processos de biodigestão, como existem processos de compostagem, mas podem ser reaproveitados também para a valorização térmica ou para processamento da indústria cimenteira ``, destaca o especialista. Gomes explica que o reaproveitamento da matéria orgânica, contudo também pode ser bastante vantajosa, uma vez que o processo de fermentação é bastante interessante e é possível então formar uma biomassa da fração orgânica. O especialista comenta ainda que se estima que a gestão de resíduos hoje é responsável por 4% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). Cerca de 5% das emissões de carbono hoje também são de origem humana e principalmente da Indústria do Cimento. Contudo, a adesão de tecnologias de CDR permitiu que a atividade saísse da má reputação para a sustentabilidade. “O uso de biomassa na Indústria global de cimento aumentou de 337 mil toneladas em 1990 para 4,9 milhões de toneladas em 2009", afirma o especialista. Durante sua palestra, Gomes também destacou o desenvolvimento de um CDR Verde pela Bianna, onde o uso da biomassa é empregado. A palestra completa do especialista estará disponível em breve no site da ABREN. Fonte: Biomassa BR