Podemos ficar sem energia no futuro, dizem cientistas

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Um apagão eterno. Esqueça o micro-ondas, a televisão e o computador. Nada também de banho quente debaixo do chuveiro elétrico ou de ida de carro até o supermercado. Esse é o futuro se o mundo não começar a investir pesado em fontes alternativas de energia. Claro, isso tudo é um exagero, e a situação do Brasil é bem menos desesperadora. No entanto, o alarme para o fim da disponibilidade de combustíveis fósseis já soou e nos coloca frente a uma importante questão: o que é preciso fazer para não ficarmos sem energia no futuro?

Agora, indicam os especialistas, é hora de pensar nas fontes sustentáveis de energia. "Não tem outro caminho senão investir nas fontes renováveis e na maior racionalidade no consumo de energia", diz Luiz Augusto Horta Nogueira, professor titular do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá e consultor das Nações Unidas em temas energéticos. Atualmente, a matriz energética do Brasil é singular se comparada ao panorama mundial. Ao redor do planeta, cerca de 80% da energia é oriunda de combustíveis fósseis. Aqui, esse percentual é de 54%, enquanto o restante é obtido por meios renováveis. O quase equilíbrio atingido pelo Brasil nos coloca em uma situação mais confortável, mas ainda não suficientemente independente. "Se continuarmos assim, até 2050 as reservas de pré-sal descobertas nos últimos anos terão acabado", destaca Horta.

Investir em apenas uma fonte alternativa, entretanto, não é a saída, aponta Júlio César Passos, professor do departamento de engenharia mecânica e coordenador do programa de pós-graduação em engenharia mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina. Para o também pesquisador dos Laboratórios de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de Energia da universidade (LEPTEN), o país deve investir em uma matriz energética diversificada. "O Brasil ainda depende demais de fontes hídricas. Mais de 80% da energia elétrica do país é gerada por esse tipo de fonte", alerta o professor. A dependência de apenas uma fonte é prejudicial ao País, mesmo que essa fonte seja abundante, como no caso da água. Apesar de não explorarmos todo o potencial hídrico do território brasileiro, não podemos ficar dependentes dos reservatórios. Se ficarmos, o risco de blecaute total é bem presente. "Não existe meios de armazenarmos energia elétrica em grande quantidade para épocas de redução dos reservatórios, como é o caso do verão. Por isso é necessário o racionamento de energia nos períodos mais secos", explica.

Para os próximos anos, Passos aponta para o crescimento da utilização da biomassa, por meio do biocombustível. "É a menina dos olhos do governo", declara. Segundo o professor, o País tem o conhecimento necessário, a tecnologia já está disponível e a logística - basicamente, a rede de postos de abastecimento e distribuição - já está instalada no País. Mas Horta diz que espera o crescimento da energia eólica, que deve ter sua capacidade instalada no Brasil multiplicada por seis. De mil megawatts produzidos hoje a partir da energia eólica, a expectativa é que chegue a 6 mil até 2015.

A energia solar também irá ganhar mais destaque no cenário energético nacional, afirmam os pesquisadores. "Até o empresário Eike Batista investiu nisso", comenta Passos. A usina MPX Tauá, inaugurada pelo empresário, fica a 337 km de Fortaleza e tem capacidade para gerar um megawatt de energia, o suficiente para atender 1,5 mil famílias. O empresário promete que esse potencial energético irá dobrar em 2012. Para a inauguração da primeira usina de energia solar em escala da América Latina, Eike investiu R$ 10 milhões e utilizou mais R$ 1,2 milhão concedidos pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Sim, é bem caro. O custo inicial, aliás, é o que impede, por enquanto, a popularização desse tipo de energia. Para Passos, o ideal seria seguirmos o exemplo da China, que reduziu os impostos e incentivou a produção por meio de subsídios às fábricas.

Saiba mais sobre algumas fontes de energia apontadas pelos especialistas como as apostas para o futuro:


Energia hidráulica

É a mais presente no Brasil. É obtida por meio de turbinas hidráulicas acionadas pela força de uma queda d¿água. São classificadas em dois grupos: usinas hidrelétricas (UHE) e pequenas centrais hidrelétricas (PCH), com maior e menor capacidade de produção e reserva de água, respectivamente.


Biomassa

É conseguida por meio da queima de derivados recentes do processo da fotossíntese, como a lenha e os produtos da cana-de-açúcar, responsáveis por quase 30% da produção total de energia no Brasil.

- Vantagens: fonte de energia renovável; baixo custo da energia gerada; representa disposição, tratamento, destinação e reciclagem dos resíduos de natureza biológica.

- Desvantagens: para viabilizar o projeto é necessário garantir um volume mínimo e a proximidade da fonte de biomassa; há o risco de competição pelo uso da terra: emissão de CO2 e NOX e partículas; disputa da área plantada, que poderia ser reservada para o cultivo de alimentos.


Energia solar

É dividida em dois tipos: térmica e fotovoltaica.

Energia solar térmica (heliotérmicas): O gerador elétrico é acionado por turbina a vapor, que é acionada indiretamente pelo calor liberado pelos raios solares. - Vantagens: baixo impacto ambiental; fonte de energia renovável; não emite poluentes; adequada para suprir eletricidade para pequenas cargas, onde não há viabilidade econômica para a extensão da rede elétrica

- Desvantagens: grande volume de investimento para implantação de plantas com porte comercial; poucas linhas de crédito privadas disponíveis.

Geração fotovoltaica: Conversão da energia existente nos fótons da luz solar em energia elétrica.

- Vantagens: os painéis fotovoltaicos de silício já são uma tecnologia dominada. - Desvantagens: custo elevado, desenvolvimento comercial ainda depende de vantagens tarifárias por meio de políticas públicas.


Fonte: Cartola/ Portal Terra
Adaptado por Biomassa BR

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