Embrapa Agroenergia desenvolve nova cana-de-açúcar que favorece produção de etanol e novos bioprodutos

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Ciência brasileira revela que a pesquisa é a primeira cana editada não-transgênica do mundo

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária com foco em energia (Embrapa- Agroenergia) divulgou na última semana que uma pesquisa desenvolvida por ela foi capaz de modificar genes da cana-de-açúcar e transformar seu potencial no que diz respeito a produção de etanol e também de novos bioprodutos.

De acordo com os cientistas da Embrapa Agroenergia do Distrito Federal (DF), as canas modificadas são variedades da Cana Flex I e Cana Flex II, as quais apresentam maior digestibilidade da parede celular e também maior concentração de sacarose, ou seja, açúcar nos tecidos vegetais.

Segundo a instituição a nova pesquisa vem para responder um dos principais desafios do setor no Brasil, onde gira em torno de como aumentar o acesso das enzimas aos açúcares presos nas células de modo a facilitar assim à fabricação de etanol (de primeira e segunda geração) e a extração de outros bioprodutos.

Ainda de acordo com os pesquisadores, a Cana Flex I é fruto do silenciamento do gene responsável pela rigidez da parede celular da planta, que ao ser modificado apresentou maior “digestibilidade”, ou seja, maior acesso ao ataque de enzimas durante a etapa da hidrólise enzimática, processo químico que extrai os compostos da biomassa vegetal.

Já A Cana Flex II faz parte dos tecidos da planta, onde ao ser modificada permitiu que um incremento considerável na produção de sacarose nos colmos da planta modelo fosse gerado. Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa, explica que cerca de 15% de sacarose a mais foi encontrada após a modificação.

“Uma vez identificada essa característica de acúmulo de açúcar na planta-modelo, transferimos esse conhecimento para a cultura da cana-de-açúcar, alvo das nossas pesquisas. Novamente foi observado um incremento da ordem de 15% de sacarose no colmo da cana, bem como o aumento de outros açúcares como glicose e frutose, também presentes na planta, tanto no caldo quanto no tecido vegetal fresco” destacou ele.

Com a sacarose aumenta na primeira análise, Molinari também destacou que novos ensaios genéticos foram criados para que o gene que tivesse maior atuação fosse utilizado também na sacarificação, que é a conversão da celulose em açúcar industrial.Todo esse processo permitiu aumentar a produção de sacarose em mais 12% segundo o pesquisador, o que favorece a produção do bioetanol, além de agregação de valor em toda a cadeia produtiva do açúcar.

“Em 2020/2021, a produção estimada total de açúcar no mundo foi de 188 milhões de toneladas, sendo o Brasil responsável por 39 milhões de toneladas, o equivalente a 21% da produção mundial. Hoje sabemos que mais de 45% da matriz energética brasileira é renovável e que a cana-de-açúcar contribui com uma fatia de mais de 30% para essas fontes renováveis” destacou ele.

Molinari ainda finalizou afirmando que a pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agroenergia utilizou técnica revolucionária na edição dos genomas, o que permitiu considerar as novas canas as primeiras canas editadas consideradas não-transgênicas do mundo (DNA-Free), conforme a Resolução Normativa nº 16 (RN nº 16) da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), proferida no dia 9/12/2021.

“A polêmica gerada acerca do uso de plantas transgênicas na agricultura fez com que cada país no mundo criasse uma regulamentação específica sobre o tema, o que elevou o custo para inserir no mercado as variedades geneticamente modificadas (GM). Hoje, vemos uma nova tecnologia surgir, a edição de genomas, com a qual não é necessária a introdução de sequências exógenas de outras espécies no genoma da espécie-alvo” contou ele.

Toda a pesquisa pode ser acessada no site da Embrapa Agronenergia.


Foto: Hugo Molinari
Fonte: Biomassa BR

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