Entrevista exclusiva com Mauro Murara

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O diretor executivo da ACR fala sobre os setores de Biomassa e Florestal

Você será palestrante no CIBIO 2017, nos fale um pouco sobre a palestra e também sobre a importância de eventos como o CIBIO, para o crescimento do setor?
Pretendo apresentar de forma sucinta a nossa associação e o que estamos fazendo pelo setor de base florestal e madeireiro, não só em Santa Catarina, mas também no Brasil. Nossa atuação se expande pelo país, pois através de um trabalho conjunto com as outras associações estaduais e com a Ibá, que nos representa nacional e internacionalmente, alcançamos pleitos que seriam muito difíceis alcançarmos sozinhos. Especificamente na parte de biomassa florestal, pretendo demonstrar, com base no Anuário Estatístico da Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR) e em nosso banco de dados, que é periodicamente atualizado, os principais números que atingem este segmento de mercado nas esferas estadual, nacional e internacional.

Um congresso internacional que tem como pauta um combustível renovável é sem dúvidas de extrema relevância, ainda mais em um momento em que todas as políticas energéticas estão empenhadas em desenvolver fontes cada vez mais sustentáveis.

Como é a biomassa oriunda de florestas plantadas?
A cadeia produtiva de base florestal possui duas fontes principais de biomassa para geração de energia. A mais importante vem das florestas energéticas, com árvores plantadas (principalmente eucalipto) especificamente para este fim. Soma-se aí os resíduos ou subprodutos florestais, que representam o material lenhoso resultante de manejo, desbastes e da colheita florestal na produção de toras de madeira. Há também os subprodutos lenhosos industriais, que podem ser serragem, maravalha, casca e outros. Estes últimos são gerados principalmente pelo manuseio e processamento industrial. Os resíduos oriundos do processo industrial são, geralmente, consumidos na própria indústria, para geração de energia e na produção de outros produtos, tais como: pellets e briquetes.

Quanto o mundo produz de biomassa florestal e quem utiliza este tipo de energia?
Diversos segmentos industriais utilizam a biomassa florestal como fonte de energia. Entre 2006-2015, observou-se aumento da produção mundial de 0,42% ao ano e 3,88% no período. O ano de 2015 encerrou com patamar estimado de 2,34 bilhões m³ de biomassa florestal. A Índia foi a principal produtora de biomassa em 2014, sendo responsável por 307,2 milhões m³, equivalente a 13,2% do total mundial. A China ocupa a segunda posição, com 13,0% (301,7 milhões m³).

E como fica o Brasil nesse cenário?
O Brasil foi o 3º no ranking dos maiores produtores mundiais em 2014. Foram cerca de 142,2 milhões m³ produzidos, representando 6% do total mundial. No Brasil, a produção de biomassa de origem florestal tem se mantido estável nos últimos anos. Em 2014, foi registrado 142,2 milhões m³ e, no ano seguinte, aproximadamente 143,3 milhões m³. A taxa anual de crescimento na produção foi de 0,77%, o que equivale a 7,2% entre 2006 e 2015. O consumo aparente de biomassa florestal atingiu patamar de 138,0 milhões m³ em 2015, o que reflete que 96% da produção é consumida internamente no país. A taxa de crescimento anual no consumo foi de 0,86% e de 8,1% entre 2006-2015.

Qual o diferencial para este tipo de energia?
Em período de crise energética no Brasil, acarretada principalmente pelos déficits nos índices pluviométricos, como vem acontecendo nos últimos anos, as usinas termoelétricas se destacaram como uma opção na geração de energia. O Brasil possui potencial energético de 39,4 milhões kW através das usinas termoelétricas, sendo que 6,1% deste total é de origem florestal-madeireira. Além de uma opção sustentável, as florestas energéticas são menos suscetíveis às intempéries.

Como a biomassa florestal está representada na matriz energética em Santa Catarina?
Em Santa Catarina, 15% (167,6 mil kW) do potencial energético advém de fontes de origem florestal, enquanto os 85% são de outras fontes. Das usinas termoelétricas brasileiras, 23,8% das que utilizam resíduos florestais como fonte energética estão localizadas em Santa Catarina. O estado tem tradição na utilização de caldeiras que são alimentadas por biomassa de origem florestal na indústria têxtil, frigoríficos, agronegócio, e indústrias do próprio setor, a exemplo de celulose e papel e serrarias para a secagem de madeira.

Como se comporta o mercado global para a biomassa florestal?
Entre 2006 e 2015, a exportação mundial de biomassa florestal apresentou crescimento de 3,1% ao ano (em volume) e 5,2% ao ano (em valor). O ano de 2015 fechou com patamar estimado de 87,6 milhões m³ de biomassa florestal exportada mundialmente, o que equivaleu a US$ 5,21 bilhões. O Vietnã é o principal exportador mundial de biomassa florestal, com 22% do total, seguido pela Austrália (16%) e depois Chile (7%).

Quanto o Brasil exporta e quem é o principal comprador da biomassa florestal brasileira?
Em 2015, o Brasil exportou 1,4 milhão de toneladas de biomassa florestal, que inclui serragem, resíduos e cavaco de madeira nativa e plantada. Isso equivale a US$ 135,8 milhões. Dentre os principais destinos destaca-se o Japão, que absorveu 60% da exportação brasileira de biomassa florestal. Em 2015, apenas cinco países absorveram 100% da exportação brasileira. Índia 13%, Portugal 12%, Turquia 8% e China 7%.

Como esse volume está dividido entre os estados brasileiros?
O Rio Grande do Sul e o Amapá foram os únicos a exportarem biomassa florestal em 2015, participando respectivamente com 57% e 43% do total exportado.


O setor da Biomassa e Energia tem encontro marcado no CIBIO 2017 & 2ª EXPOBIOMASSA!!

Site EXPOBIOMASSA: http://www.expobiomassa.com/
Site CIBIO 2017: http://www.congressobiomassa.com/

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