Biomassa florestal e energias renováveis na Amazônia

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Investimentos em energias limpas devem ser duplicados até 2020

De acordo com relatórios publicados pela International Energy Agency (IEA, 2012) os combustíveis fósseis mantêm-se predominantes e a sua procura continua a crescer, obrigando à existência de infraestruturas com elevado teor de carbono, entretanto os investimentos em energias limpas devem ser duplicados até 2020.

O desenvolvimento econômico acelerado do Brasil na última década teve como consequência o aumento no consumo energético.

Em 2012 o setor de energia elétrica passou por um momento delicado, quando apesar do aumento de 1.835 MW na potência instalada do parque hidrelétrico, a oferta de energia hidráulica reduziu-se em 1,9% devido às condições hidrológicas observadas especialmente na segunda metade do ano.

A menor oferta hídrica explica o recuo da participação de renováveis na matriz energética brasileira, de 88,9 % em 2011 para 84,5 % em 2012 (OECD, 2013; BEN, 2013) embora a participação de fontes de energia renováveis mantém-se entre as mais elevadas do mundo, com pequena redução devido à menor oferta de energia hidráulica e de etanol (42,4 %).
Em 2012, a biomassa lignocelulósica (cana de açúcar, lenha e carvão vegetal) representou 24 % da matriz energética brasileira. Foram gerados em 2012 um total de 592,8 TWh de energia, sendo 6,8 %

Com as pressões ambientalistas a cerca da emissão de gases de efeito estufa e a crescente necessidade de reduzir o uso de combustíveis fósseis bem como a dependência dos países exportadores de petróleo, atualmente, a maioria dos países, desenvolvidos ou não, está promovendo ações para que as energias alternativas renováveis tenham participação significativa em suas matrizes energéticas.

Na região norte do país, dentre as possíveis fontes de energia renovável, algumas mais representativas que outras e com maior potencial, podemos citar: a cana de açúcar (de 30 a 120 kWh/t cana), biogás a partir da criação de suínos (de 20.000 a 300.000 m³ metano/mês), resíduos da silvicultura (até 20 MW) e resíduos agrícolas (200 kW) (Coelho et al., 2008).

No Acre, por exemplo, onde não existe a força das águas, onde o vento não sopra na intensidade exigida pelos cata ventos, e o sol, por mais calor que faça, não aparece durante todo o ano e na abundância demandada pelos painéis que captam energia solar, resta uma opção: a produção de energia elétrica por meio de biomassa florestal.

Na verdade, qualquer biomassa – seja de origem agrícola, como é o caso da palha de arroz e do bagaço de cana de açúcar, produzidos em pequena quantidade no âmbito do estado, seja de origem florestal, como o pó de serra, a lasca de madeira e o ouriço de castanha do Brasil, produzidos em grande quantidade – pode mover caldeiras e gerar energia elétrica na escala desejada.
Na região norte, a geração de energia elétrica com biomassa florestal é uma oportunidade única para melhorar a dinâmica da frágil economia local. Mas, para que essa oportunidade seja aproveitada, ela precisa ser priorizada.

Reforçam essa tese três constatações: o fato de que 86% do território do Acre possui cobertura florestal nativa; a quantidade de solos precariamente aproveitada pela produção pecuária; e, o mais importante, a característica sustentável da produção de energia elétrica por biomassa florestal, decorrente do balanço zero em relação ao carbono depositado na atmosfera.
A ideia é produzir energia elétrica mediante a queima de biomassa florestal em caldeiras. Incluem-se no rol de matérias primas ou subprodutos denominados de biomassa florestal o pó de serra e as aparas de madeira que derivam em grande quantidade do processo de industrialização da madeira. Esses materiais, até bem pouco tempo, eram queimados a céu aberto – procedimento que, por sinal, levava as empresas a serem invariavelmente autuadas pelos órgãos de fiscalização ambiental.

De acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio do Brasil, a madeira e seus derivados representaram em 2009 mais de 60% do total de produtos do Estado do Acre exportados para outros países (figura 3), totalizando 120.566 m3 de madeira em tora, 685.240 m3 de lenha (figura 4), considerando que o rendimento da conversão da tora de madeira para produtos madeireiros é menor que 50%, pode-se inferir que mais da metade dessa matéria prima será descartada sob a forma de biomassa florestal que poderá ser utilizada para geração de energia.

Portanto, o descarte dos materiais que são considerados “resíduos da produção florestal” que poderiam representar um transtorno para as empresas do ramo do processamento da madeira poderão servir como fonte de matéria prima para a produção de energia elétrica no Estado do Acre.

O termo biomassa florestal inclui também outros subprodutos madeireiros que atualmente são desaproveitados. Os resíduos de exploração, galhos das árvores exploradas, por exemplo, que podem possuir mais metros cúbicos de madeira que a própria tora levada para a indústria, são abandonadas nas unidades de produção, o que significa desperdício e baixa produtividade.


Fonte: Biomassa BR

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