Economia

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Com racionamento, PIB pode cair 1,5%

Um eventual racionamento de energia neste ano pode levar à contração de 1,5% na economia do país, estima o banco Credit Suisse.

Segundo a instituição, por causa dos níveis atuais dos reservatórios de água e da falta de chuvas, a chance de um racionamento está agora em 40%. No fim de 2014, o banco estimava que a probabilidade de restrição de acesso à energia era de menos de 20%.

"Basicamente, se considerarmos o que ocorreu em 2001, calculamos que, para cada 10% de racionamento durante um ano, teríamos um ponto percentual de PIB a menos", disse Daniel Lavarda, economista do banco, em evento nesta terça-feira (27) em São Paulo. Em 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso, houve racionamento de energia.

Se não houver racionamento, a economia brasileira deverá recuar 0,5% em 2015, calcula o banco --a crise na Petrobras contribuiu para a que a instituição revisasse para baixo sua estimativa para o desempenho da economia para esse índice.

Segundo o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira, a estatal forçou um corte de 0,2 ponto percentual na projeção do PIB (Produto Interno Bruto). "A Petrobras representa cerca de 10% de todos os investimentos do país", afirmou.

A instituição afirma que, caso o governo decrete racionamento após o término do período de chuvas, em abril, haverá um forte impacto na atividade no segundo e no terceiro trimestre.

"Em 2001, o impacto foi visto no trimestre do anúncio e, logo em seguida, quando tivemos a maior redução", afirmou Lavarda.

O crescimento de 2016 também seria afetado.

O Credit Suisse estima que, por causa dos ajustes feitos neste ano, a economia brasileira voltaria a crescer no próximo seguinte, registrando expansão de 1,5%.

Caso haja racionamento, contudo, o aumento no PIB deve ficar em apenas 1%, projetam os economistas.

"Isso levaria provavelmente ao carregamento estatístico para o ano que vem. Teríamos um ponto de partida em 2016 muito menor do que esperávamos há alguns meses", disse Lavarda.


Inflação

Para o banco, a inflação neste ano deve ficar sempre acima de 7%, situação que não se via desde 2003, afirmou o economista-chefe da instituição, Nilson Teixeira.

O eventual racionamento de energia pode pressionar ainda mais os preços, levando a um acréscimo de 0,7 ponto percentual na taxa, de acordo com o banco.

A inflação terminaria o ano em 7,8%.

"Ocorreria principalmente em razão de um aumento ainda maior nas tarifas de energia, água e esgoto e por uma maior inflação de alimentos, principalmente a dos alimentos ´in natura´", afirmou Iana Ferrão, economista da instituição financeira.

A projeção do Credit Suisse é similar à de economistas consultados pelo Banco Central no boletim Focus, a inflação neste ano deve ficar em 6,99%, acima, portanto, do teto da meta do governo (6,5%).

Esse é o pior cenário projetado por analistas para a inflação desde 2003. Em janeiro daquele ano, a projeção para o IPCA (índice oficial de inflação) estava em 11,45%. O resultado foi uma inflação de 9,30%.

Renata Agostini
Fonte: Folha de S. Paulo

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