Setor Sucroenergético

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Incêndios no campo trazem prejuízos ao setor sucroenergético

Perda de produtividade e danos à safra seguinte estão entre os problemas gerados aos produtores de cana-de-açúcar em decorrência de queimadas.

A forte estiagem que atinge São Paulo desde o início deste ano vem afetando severamente a produção de cana-de-açúcar no Estado. Estimativas da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), indicam que a produtividade agrícola da área a ser colhida na atual safra 2014/2015 deve apresentar queda próxima a 15%, com a perda de quase 40 milhões de toneladas de cana.

Um fator adicional que tem tornado a situação ainda mais dramática para os produtores paulistas é o aumento da ocorrência de incêndios acidentais e criminosos nas áreas de cultivo de cana-de-açúcar.

Embora a magnitude destes prejuízos varie entre as usinas, eles se materializam de maneira diferente em três situações principais. A primeira refere-se às ocorrências em que o incêndio atinge áreas já colhidas, quando a cana-de-açúcar esta rebrotando para dar início a um novo ciclo de crescimento vegetativo. Nessas circunstâncias, observa-se um atraso significativo no desenvolvimento da planta, com perda de produtividade na safra seguinte.

Outro prejuízo refere-se ao contingente de matéria-prima queimada antes do período ideal de colheita. Nos casos mais sensíveis em que o fogo atinge talhões com planta abaixo do tamanho ideal de corte, é necessário roçar a área, com perda completa do ciclo agrícola. Portanto, além do custo incorrido pela usina nessa operação, perde-se quase R$ 10 mil por hectare de receita que seria gerada a partir do processamento da cana cultivada nessas áreas.

Por fim, mesmo nos canaviais alvos de incêndio acidental ou criminoso, e para os quais a colheita tenha sido autorizada, há sensível prejuízo à usina devido à diminuição da produtividade e da qualidade de matéria-prima, já que nessas condições a cana-de-açúcar precisa ser processada antes da sua plena maturação e desenvolvimento. Estima-se que a perda média nessa condição alcance expressivos R$ 1,5 mil por hectare no Estado de São Paulo (mais de 15% do faturamento obtido na área).

A baixa precipitação pluviométrica observada ao longo de todo este ano tem aumentado os focos de incêndios não apenas nas áreas de cultivo de cana-de-açúcar, mas também em áreas plantadas com outras culturas, com pastagens e com cobertura vegetal. Informações apuradas pela Polícia Militar Ambiental e outros órgãos do governo estadual mostram que até o início de setembro já haviam sido registrados 2.981 focos de queimadas e incêndios florestais no Estado de São Paulo - esse número é 140% maior ao verificado no mesmo período de 2013. Somente em unidades de conservação, foram atingidos 1.013 hectares.

Muitas vezes os incêndios são atribuídos erroneamente aos produtores de cana-de-açúcar, devido ao processo de queima da palha. Porém, a UNICA esclarece que desde 2007 o setor vem atendendo ao Protocolo Agroambiental, estabelecido de forma voluntária junto ao governo do Estado de São Paulo para a antecipação dos prazos de eliminação da queima na colheita da cana-de-açúcar.

Para a presidente da UNICA, Elizabeth Farina, “o setor produtivo realizou um esforço enorme para acelerar o término do uso do fogo e superou de forma significativa o cronograma previsto para a redução do emprego da queima controlada na despalha da cana-de-açúcar”.

De fato, na última safra (2013/2014) o índice de colheita sem o uso do fogo atingiu 83,7% da área total com cana-de-açúcar no Estado, representando um crescimento relevante em relação aos 34,2% verificados em 2006. Nesse período, houve um investimento superior a US$ 5 bilhões para a compra de máquinas e equipamentos utilizados na mecanização da colheita. Atualmente existem mais de 3.000 colhedoras operando em São Paulo.

Nesse passo, cabe mencionar que os prejuízos econômicos e ambientais associados à presença de fogo acidental ou criminoso no Estado só não foram maiores nesse ano devido a Operação Corta Fogo realizada em todo o território paulista. Trata-se de um projeto envolvendo a Secretaria do Meio Ambiente, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar Ambiental, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, a CETESB, o Instituto Florestal e a Fundação Florestal, além das brigadas municipais e da iniciativa privada para ações integradas de prevenção, monitoramento e combate ao fogo sem controle.

Praticamente todas as usinas em operação no Estado de São Paulo participam dessa iniciativa, com a manutenção de equipe treinada e equipamentos disponíveis para auxiliar a contenção das queimas acidentais ou criminosas.

O investimento realizado pelo setor produtivo nesse tipo de estrutura é também significativo. Em 2010, por exemplo, a quantidade de funcionários alocados pelas unidades produtoras paulistas em suas brigadas de incêndio totalizava, em média, 44 por usina. Em 2014, o número de brigadistas saltou para quase 65 por empresa, com aumento superior a 40%.

No caso dos caminhões tanque equipados com canhão d’água para combate a incêndios, o crescimento ultrapassou a marca de 45%. Atualmente, cada unidade produtora possui em média 11 desses caminhões, ante oito em 2010. Extrapolando essa quantidade para todas as indústrias e grandes fornecedores de cana do Estado de São Paulo, é possível concluir que a frota de caminhões tanque mantidos pelo setor produtivo da cana-de-açúcar alcança mais de 2.000 unidades.



- Ao perceber um foco de incêndio se alastrando, ligue imediatamente para o Corpo de Bombeiros no telefone 193, Disque Ambiente da SMA: 0800-113560 ou para o Disque Denúncia da Polícia Militar Ambiental: 0800-0555190;

- Muitos incêndios são causados intencionalmente. Fique atento a qualquer atividade suspeita próxima aos canaviais, outras áreas de plantio, áreas de preservação ou florestas e avise as autoridades competentes.

UNICA

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