Fabricantes de celulose têm excedente de energia

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Com o aproveitamento de mais biomassa, e mais incentivos, a co-geração pela indústria de celulose poderia ser ainda maior.

Cada vez mais apta à geração de energia renovável, em razão da escala crescente das novas fábricas e do elevado potencial de suas florestas, a indústria brasileira de celulose vai passando ao largo da crise energética que pressiona os custos de outros setores. Em alguns casos, a crise representa, inclusive, oportunidade: com os preços da energia no mercado à vista no teto regulatório há cerca de três semanas, há quem esteja reforçando o caixa com a venda da energia excedente gerada em suas fábricas.

A Suzano Papel e Celulose, somente na recém-inaugurada fábrica do Maranhão, terá geração excedente de energia de 100 MW. A Klabin já disse, há poucos dias, que está vendendo parte do excedente que gera e se beneficiando dos preços no mercado à vista. Antes da Suzano, a Eldorado Brasil inaugurou no fim de 2012 uma fábrica com capacidade para 1,5 milhão de toneladas por ano, em Três Lagoas (MS), também autossuficiente em energia.

Assim como suas pares, a partir de biomassa, a Eldorado pode produzir cerca de 220 MW - dois geradores de 110 MW cada -, dos quais cerca de 100 MW usados na própria operação. Outros 50 MW a 60 MW são distribuídos a fornecedores da Eldorado, que estão instalados no complexo. O restante pode ser ofertado no mercado livre.

A Fibria, maior produtora mundial de celulose de eucalipto, também opera unidades autossuficientes e, em 2012, segundo dados do Relatório de Sustentabilidade da companhia, a venda do excedente gerado em Três Lagoas (MS) e Aracruz (ES) gerou uma receita de R$ 38,6 milhões.

Há dois anos, a finlandesa Pöyry, multinacional de consultoria e serviços de engenharia, divulgou um estudo mostrando que o setor de celulose e papel pode gerar mais que o dobro da energia que consome.

Conforme o estudo, uma fábrica com capacidade instalada de 1,5 milhão de toneladas de celulose branqueada por ano - hoje, já se fala em capacidades de até 2 milhões de toneladas anuais - pode gerar até 270 MW de energia. Menos da metade, ou 108 MW, corresponde ao que é usado na operação. O restante pode ser oferecido na rede. Contudo, nem todo o excedente é de fato comercializado em razão do limite para venda subsidiada de energia à rede, de 30 MW.

A percepção é que, se houvesse mais incentivo, as indústrias investiriam ainda mais em co-geração e poderiam ser alternativa importante de fornecimento do insumo. Segundo o estudo da Pöyry, a quantidade de energia varia conforme a biomassa utilizada. Além da produção de vapor a partir da queima do licor proveniente do cozimento da madeira, que vai alimentar os turbogeradores, mostra o estudo, é possível aproveitar também os resíduos decorrentes do transporte, picagem e peneiramento da madeira. Com o aproveitamento de mais biomassa, e mais incentivos, a co-geração pela indústria de celulose poderia ser ainda maior.




Fonte: Valor Economico

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